quinta-feira, 8 de março de 2012

Esquerda? Soy contra - 2

Esquerda? Soy contra, Cedê Silva Estado de S. Paulo

Eu queria ter comentado mais algumas coisas, mas achei que ia fugir do objetivo do post, por isso, vou comentar em outro post (no caso esse post)

" “Eles me xingam mas são filhos de empresários, desembargadores.”"


O que ta implícito ai? Você só pode ser mais de esquerda que alguém, se for mais pobre que alguém. O que mais? O pessoal da "esquerda mais estridente" é tudo rico, logo não tem moral. Não tem como você aceitar o texto sem o subtexto.

Mesmo que seja verdade, mesmo que no caso os caras sejam filhos de empresários e desembargadores, e sejam de extrema esquerda, e estejam errados.

Quando você coloca uma frase nesse contexto o subtexto vai refletir em você, vai mudar como você ve as coisas. Mais do que só nesse contexto.

" “É tão opressivo, você chega lá e alguém vai te chamar de reaça. Não é para debater - eles vão com uma ideia formada.” "


Eu sei bem como são essas coisas. Mesmo. Mas qual o subtexto: é ruim ter ideia formada.

Esqueça o que a testemunha está falando, olhe pro que o jornal está falando.

"Mariana Sinício, de 19 anos, conta que já teve sua época de querer salvar o mundo. “Na escola tive um professor de esquerda, que dizia ‘isso é ruim’, ‘isso é bom’. Aí você cresce e vê que as coisas não são bem assim.” "


Que bom que ele cresceu e saiu desse negocio de salvar o mundo? Já pensou se ele não tivesse crescido e tivesse chegado com 19 anos ainda sem ser um adulto consciente? Sorte que a experiencia cura a exposição a esses professores de esquerda.

"(...)ela acredita que os termos esquerda e direita não se aplicam mais. Gosta de Adam Smith e Keynes: “Todos têm algo a acrescentar.” "


Juro, Keynes e Smith eram extremamente próximos politicamente. Os dois eram "conservadores liberais": queriam manter o sistema mas revolver problemas morais com a desigualdade. Mas é essa mesmo a sacada. Esquerda e direita é besteira. É coisa de radical. O certo mesmo é ser como eu, ter bom senso, ficar no centro, avaliar cada coisa por ela mesma. É isso o que o jornal quer que você ache. "Todos têm algo a acrescentar". Keynes e Smith. Todos que estão no centro.

" “Tive a sorte de fazer amigos que começaram a ler Milton Friedman, Frédéric Bastiat (economistas). Aos poucos fui me convencendo que eles faziam mais sentido do que (o linguista Noam) Chomsky, Boaventura (de Sousa Santos, autor português), esses cânones do Fórum Social Mundial” "


Note a oposição. Ele parou de ler linguistas e "autores"(?) e começou a ler economistas! Agora o negocio ficou serio. Pensa bem. Como um economista pode fazer mais sentido que um linguista? Não podia ter acontecido do linguista explicar bem a linguagem e o economista a economia? Não era isso que era de se esperar? Por que foi criada essa oposição entre linguista e economista?

E a mateira termina com chave de ouro:

" “Quando entrei na faculdade, não tinha a menor motivação para participar do movimento estudantil”, conta ela, que estuda Ciências Atuariais. Até que perdeu um colega de sala - Felipe Paiva, morto com um tiro no câmpus em 2011. “Era uma tragédia anunciada, havia muitos sequestros e roubos na época. Eu fazia o mesmo curso, usava o mesmo estacionamento. Pensei: se não fizer nada, posso ser a próxima.”

A Reação é a única chapa a favor da presença da PM na universidade. "


A autoridade por tragedia. Ela perdeu um amigo. Você perdeu um amigo?! Então como pode discordar?!

A matéria inteira anda pra apresentar a chapa reação como a mais adequada, a coisa normal a se fazer. O próprio nome dela já mostra que ela é bem mais a direita que a maioria da população, mas nem é isso que eu quero dizer.

Ela não está certa por que perdeu um amigo. É isso o que o jornal quer, que você de autoridade moral ao argumento dela. Esqueça. A mateira não falou nada da PM na USP, nada da USP, nada da esquerda da USP, nada da direita da USP.

A mídia quer você.

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